Projeto: CICLO DE LEITURA - Um DESAFIO de LER e COMPREENDER

ENXERGUE O MUNDO DIFERENTE 
"LIVROS NÃO PODEM MUDAR O MUNDO". LIVROS MUDAM AS PESSOAS: AS PESSOAS PODEM MUDAR O MUNDO.
No Brasil, um em cada dez brasileiros com 15 anos ou mais não sabe ler e escrever. Uma vergonha que encobre outras realidades não tão evidentes, mas igualmente dramáticas. Como o fato de que dois terços da população entre 15 e 64 anos é incapaz de entender textos longos, localizar informações específicas, sintetizar a ideia principal ou comparar dois escritos. O problema não é reflexo apenas de baixa escolarização: segundo dados do Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope, mesmo considerando a faixa de pessoas que cursaram de 5ª a 8ª série, apenas um quarto delas é plenamente alfabetizado. A conclusão é que, na escola, os alunos aprendem a ler - mas não compreendem o que leem.

É preciso virar esse jogo. Num mundo como o atual, em que os textos estão por toda a parte, entender o que se lê é uma necessidade para poder participar plenamente da vida social. Nós professores temos um papel fundamental nessa tarefa. Independentemente de seu campo de atuação, podemos ajudar os alunos a ler e compreender diferentes tipos de texto, incentivando-os a explorar cada um deles. Podemos ensiná-los a fazer anotações, resumos, comentários, facilitando a tarefa da interpretação. Enfim, encaminhá-los para a escrita, enriquecida pelos conhecimentos adquiridos na exploração de livros, revistas, jornais, filmes, obras de arte e manifestações culturais e esportivas.
O primeiro passo é firmar um compromisso: ensinar a ler é tarefa de todas as disciplinas, não apenas de Língua Portuguesa.
Estou falando da importância de apostar no confronto de opiniões – desde que, é claro, a comparação ajude a moçada a entender melhor o processo em questão. Digamos que a tarefa seja analisar fatores que levaram à Independência do Brasil. “Nesse caso, a leitura de um texto que ressalta o papel de dom Pedro I e de outro defendendo que a elite dominava o imperador na época ajuda a construir um cenário que promove um aprendizado mais significativo. Desse modo, a Independência não é contada só como uma seqüência cronológica de fatos”.

Em outras situações, a diversidade de fontes pode funcionar como uma ponte entre o ontem e o hoje, aproximando o conteúdo da vida do aluno e facilitando o entendimento das transformações ao longo do tempo.
 Ao ensinar sobre a importância do rio Nilo na formação da civilização egípcia, o professor Davi Costa Duarte propôs à turma da 5ª série da EMEF, na capital paulista, uma pesquisa sobre o rio Tietê e seus diversos usos, do abastecimento de água no início do século passado à degradação atual. “O trabalho evitou que a minha aula ficasse restrita a localizar o rio Nilo no mapa. Em vez disso, pela comparação com a realidade, a turma percebeu a relevância de um rio na vida de qualquer grupo social”, argumenta.

No que diz respeito à leitura propriamente dita, em HISTÓRIA vale também a receita indispensável de levantar previamente hipóteses sobre o que deverá ser lido ou interpretado e a análise de indícios que possam situar o texto. Na disciplina, ganha especial importância saber quem é o autor e qual o tema principal de um documento. Se antes de ter contato com um material sobre preconceito racial já se sabe que o autor é negro e conhecido por sua participação em movimentos sociais, a leitura dele será feita de maneira mais crítica. Também é importante localizar a época e o local de produção e, no caso de textos opinativos, as principais teses defendidas pelo autor.

As aulas de História já foram reduzidas à memorização de datas e acontecimentos passados. Uma outra abordagem torna a disciplina mais dinâmica. Considero que a questão social atua na aprendizagem e fornece noções essenciais do pensamento histórico, como a de temporalidade: de que forma se dá a organização dos fatos, a divisão entre passado, presente e futuro e a simultaneidade de eventos. “Para os que estão nas séries iniciais, o passado é uma coisa só. Tudo é antigamente”, diz Daniel Vieira Helene, formador de professores. As dificuldades aparecem quando os pequenos lidam com textos históricos. Eles não tomam as datas como indicação temporal, e sim a apresentação dos fatos no texto: o que vem antes ocorreu antes.

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